29 de novembro de 2010

MULHERES NA ERA DE AQUÁRIO


Mística, guerreira, mãe, amante, independente, companheira: a mulher reúne na alma a riqueza de deusas do Olimpo. Na Era de Aquário, a mulher moderna pode se beneficiar dessas figuras mitológicas para compreender sua natureza psíquica e se reencontrar.

As deusas trazem instruções que conduzem ao autoconhecimento, despertando a consciência de cada mulher para a sua riqueza interna. E lhe dão suporte para reconhecer o valor daquilo que ela é e não por aquilo que a sociedade diz que ela deveria ser.



 PERSÉFONE – Mística e soberana
O mito de Perséfone é o da jovem donzela raptada e levada ao mundo das trevas, para se casar com Hades, o senhor da morte. É a virgem que se transforma em senhora, sorvida por tudo o que é desconhecido, reprimido, inconsciente e sombrio. Representa a mulher sensitiva que pode entrar em contato com o oculto, o mundo dos espíritos ou de outras realidades mais profundas.


A mulher Perséfone – Modesta, simpática, discreta e misteriosa, essa mulher Perséfone é difícil de se entender: reservada e reclusa, evita o desgaste psíquico de viver no meio das pessoas e se retira, para ficar em paz com suas reflexões  e em comunhão com o invisível. Ela conserva a aparência sempre jovial, com pouca ou nenhuma marca de envelhecimento. Mas seus atributos não são bem físicos, pois uma parte dela parece estar em outra galáxia e ela se sente pouco à vontade com o corpo ou com a sexualidade. 

Essa donzela, que desceu às trevas e se transformou em senhora, pode ter sido atraída para as experiências místicas, por alguma tragédia ou uma perda que a afastou da inocência. Impotente, ela descobre logo cedo que precisa aprender a viver dividida entre o mundo da luz, que pode ser revelado, e o das trevas, que deve permanecer secreto. 

A estrutura frágil de seu ego a deixa suscetível aos conteúdos do inconsciente. Compassiva, solidária e atenta, costuma exercer funções que ajudam os outros, e torna-se ainda boa esposa e mãe.

Seu maior desafio -   unir sua luz e sua sombra.



 HERA  -  Rainha  e Companheira
Guardiã e legítima esposa de Zeus, essa deusa é a protetora das esposas e dos amores legítimos. Símbolo da fidelidade conjugal, sempre foi retratada como ciumenta, vingativa e violenta. Personifica atributos morais, como poder, justiça, bondade. Rainha altiva e senhora, é respeitada no Olimpo como a grande divindade.


A mulher Hera -  Regida pela deusa dos céus, esta mulher autoconfiante destaca-se na multidão e ainda mais no casamento. Ligada à liderança e às questões do poder, impõe respeito e personifica o status de esposa de um grande homem, prestigiado e bem-sucedido. 

Essa ‘abelha-rainha’, matriarca dominadora, é ótima oponente para qualquer debate, pois é enérgica e tem convicções próprias. Pode ser temida e até odiada, lembrada por sua arrogância e autoritarismo, com ou sem parceiro poderoso ao lado. Forte, conservadora e consciente de sua posição, adora dar sugestões, pregar sermões e se reunir com a família, rodeada e reverenciada por filhos e netos. 

Não raro, dirige organizações de caridade ou campanhas de arrecadação de fundos. Crítica, séria, moralista e dogmática, empenha-se em perpetuar a instituição familiar. 

Contribui para o sucesso do marido e se sente fortalecida e realizada assim, pois almeja tanto o poder quanto ele. Cada sinal de progresso profissional dele é sinal de orgulho.


Desafios -  Ela sofre quando se vê impotente, excluída do poder de decisão. Tem ciúme da liberdade e do poder masculino, e de não viver e agir como os homens. Quando rejeitada pelo marido, sente sua auto-estima ferida, acumulando rancor. 

Ao se ver forçada a permanecer em casa, torna-se frustrada, possessiva, e exige total cumplicidade do marido. Muitos casamentos naufragam e famílias são tiranizadas por Heras insatisfeitas ou machucadas. Sua ânsia de poder a impede de desenvolver as qualidades da mulher que acalenta, abraça, se solidariza e ama incondicionalmente.



 ÁRTEMIS – A Caçadora Solitária 
Esta é a selvagem e indomada deusa da natureza, virgem da lua, que carrega o arco de poderosa caçadora. Soberana das montanhas e bosques, contrasta com Atena, enfatizando mais o corpo do que a cabeça. Instintiva e representante da independência feminina, integra as qualidades masculinas em si, para se sentir inteira e invulnerável. Pudica, reverencia a coragem, a simplicidade e a natureza humana. Retrata a feminilidade pura e primitiva.


A mulher Ártemis – Prática e aventureira, aprecia a cultura física, a solidão, a vida ao ar livre e os animais. Costuma se dedicar à proteção do meio ambiente, aos estilos de vida alternativos e às comunidades femininas. Pode virar bióloga, atleta, canalizar sua energia nas academias de ginástica. Troca as grandes cidades por uma cavalgada, uma comunidade experimental ou o prazer de fotografar a natureza. 

Na infância, tende a gostar mais das brincadeiras dos garotos, de roupas soltas e despojadas, abdicando dos atributos ditos “femininos”. Embora independente como Atena, esta amazona é introvertida, prefere trabalhar sozinha e tem poucas amizades. O que a impulsiona é a sua energia vital, a vitalidade física, não a mental. Chega a amedrontar os homens, por seu desempenho, conseguindo correr melhor que eles, nadar melhor, enfim, superá-los. 

No amor, é instintiva e selvagem. É comum permanecer juvenil, esportista, livre e aventureira, o que não condiz com os valores estreitos da sociedade, que a obrigariam a ser meiga, dependente e carinhosa.


Desafios – esta mulher não se identifica com o papel de mãe, esposa ou profissional. Por sentir-se diferente, relegada e excluída, em função de sua “androginia”, muitas vezes ela se basta, se isola, mas não se ressente de viver sem atenção. Embora não rejeite sexo, evita bruscamente qualquer intimidade. 

Quando diz: “preciso ficar sozinha”, deixa claro a necessidade de se afastar, pois é assim que ela se regenera. Ela necessita dosar sua solidão e auto-suficiência e aprender a trocar, a ser mais sociável, a fim de facilitar a sua aproximação com os outros, a sua integração e ter a sensação de fazer parte.



 AFRODITE – A Deusa do Amor
O cuidado com a beleza e a amabilidade são assuntos de Afrodite ( Vênus ), bem como a união dos sexos e a atração pessoal. Deusa da beleza e da sensualidade, ela rege a criatividade e governa tudo que possa seduzir os sentidos pela beleza.  Desperta no homem seu lado mais sensível, emotivo e sutil. Afrodite dá amor, mas não protege maternalmente aqueles que ama.


A mulher Afrodite – Sensual, bela e atraente, ela tem senso estético, ama a arte, a moda, o requinte e o bom gosto. O corpo, para ela, é um objeto sagrado de amor. Costuma ser civilizada, charmosa, elegante e tem magnetismo pessoal e habilidade para se relacionar e atrair a atenção de todos. Se dá bem com todo mundo, principalmente com os homens. Sua vida é pontuada por ligações e encontros amorosos, mas não se interessa muito em casar, Ter filhos, criar raízes. 

Atraída por relacionamentos múltiplos, ela vê a vida como uma aventura romântica e prefere homens ativos, sensuais, desimpedidos e bem-sucedidos. Voltada para o romance, a paixão, a intriga, ela precisa de troca, prazer, amor e intimidade. Por canalizar sua energia para a beleza, tende a se sentir insegura em relação aos seus talentos. É compreensiva, amiga, companheira e confidente.



Desafios -  Momentos difíceis de solidão são a grande dor dessa mulher que anseia por companheirismo e proximidade. Talvez nenhuma outra deusa tenha sofrido e sido abusada quanto Afrodite, pois a sociedade patriarcal não pode viver com ela, mas também não pode viver sem ela, relegando-a à condição de amante ou prostituta, pois não deixaram de desejar seu amor e prazer. 

Apesar de ser, muitas vezes excluída, não é vingativa e trata suas feridas em silêncio. Fiel, generosa e sensível, angustia-se por saber que, embora tendo acesso ao sentimento de seu homem, nunca poderá tê-lo. 

Uma de suas mais duras provas é ser sempre a “outra”, exposta a julgamentos. Um pouco do raciocínio de Atena e da independência de Ártemis poderiam lhe trazer a segurança para sair e ser aceita e respeitada.



 ATENA  - A mulher Guerreira 
Deusa da civilização e da cultura, da carreira e do universo intelectual, Atena foi a única habitante do Olimpo sem uma mãe verdadeira. Independente, ela é a representante suprema da sabedoria do pai. Simboliza a inspiração que produziu o teatro, a filosofia e as instituições políticas.


A mulher Atena – Regida pela deusa da sabedoria, a mulher Atena é aquela que pensa, intui e realiza, colocando a carreira profissional em primeiro plano. Suas preocupações estão voltadas para o mundo, as pessoas, as idéias e os ideais; a educação e a cultura; o mundo dos negócios, o debate político e as reformas sociais. Prática, extrovertida e inteligente, vive em evidência, intimidando, de certa forma, os homens. Se for respeitada, torna-se a mais leal das companheiras e uma amiga para o resto da vida.


Desafios – A ênfase excessiva que ela dá ao intelecto pode acarretar uma negação profunda da realidade corporal. Aquilo do que ela está mais distante é o que mais necessita: a doçura protetora da mãe e dar mais atenção às necessidades básicas do corpo e da feminilidade. Resgatar a Afrodite e a Deméter que se escondem dentro dela, podem ajudá-la a integrar corpo e mente, emoção e razão, e ter uma vida mais plena e liberta.



 DEMÉTER – A mãe de Todos
Identificada com a Mãe Terra, Deméter representa a reprodução e renovação da vida. Rege as sementes, o crescimento das safras e as colheitas. É a deusa da maternidade e simboliza a Grande Mãe, que apóia a subsistência feminina e tudo o que é frágil e carente. Cuida do desenvolvimento orgânico do corpo e dá sustento e proteção aos bebês, crianças e seres em crescimento. 

É compreensiva, receptiva e trata a todos como filhos. Está centrada na família e em sua subsistência física, moral e emocional.


A mulher Deméter – Vive para os filhos e se realiza sendo mãe. Generosa e dedicada, gosta de tê-los por perto e se sente feliz em gerar, amamentar, cuidar das crianças e vê-las crescer. Prestativa e incansável, não tem tempo para si, pois está sempre pronta a ajudar a amiga em dificuldade, confortar a criança que chora, encher uma boca vazia, enfim, é a mãe de todos. Assim como Afrodite, é regida pelo amor; vive para o outro, se doa e se perde no outro. 

Presa ao presente, compreende os instintos básicos da natureza humana. Sua sexualidade é natural, embora corra o risco de ser solícita demais. Busca um pai de família digno para o sustento dela e dos filhos, o que a coloca em dificuldade quando se separa, pois tem papel de destaque apenas no lar e não na vida profissional.


Desafios – Não pode haver sofrimento maior que a perda e o afastamento, para quem vive para a família. Absorvida pela dedicação aos filhos, ao marido e ao bem-estar de todos, essa mulher vive num confinamento voluntário, afastada do mundo, como sentisse medo de entrar em contato com suas necessidades individuais. 

Sua ferida se torna mais evidente quando os filhos crescem e se vão, deixando-a sem referências. Deméter precisa reconhecer que também pode se nutrir de sua própria fonte de amor e, realizada como mãe abrir-se a outras possibilidades, buscar novas formas de se expressar. Ela precisa retomar o poder sobre sua própria vida, integrando-se, quem sabe, em comunidades ou grupos, onde participe de processos de educação, grupos de defesa da natureza, Ongs, para poder usar sua energia maternal de forma plena e verdadeira.

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